DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL/2013
“SE NÃO NOS DEIXAM SONHAR, NÃO OS DEIXAREMOS DORMIR”
Resistência
é o tema de 2013. Resistir para afirmar a autonomia e a liberdade. Em
tempos tão difíceis, de violências compulsórias e privação de direitos,
nada melhor que lembrar e homenagear, para termos força e coragem para
continuar a nossa luta, referências e exemplos de resistência: em BH, no
Brasil e no mundo; nos dias atuais e ao longo da nossa história.
O enredo proposto será desenvolvido através de seis alas, sinalizando modos e saídas que façam valer o direito à vida:
1ª
ALA - A LOUCURA NÃO SE DITA, DURA A NOSSA RESISTÊNCIA: revisando
páginas infelizes da história esta ala homenageia a todos e todas que de
uma maneira corajosa e revolucionária combateram e tentaram resistir às
ditaduras militares no Brasil e no restante da América Latina ao preço
de suas vidas e suas liberdades, num momento onde a história e a memória
estavam proibidas.
Chegamos do ventre das Minas e viemos
cobrar: direita, vou ver o que foi feito dos meninos-estudantes que
sonharam um Brasil justo e igualitário. E precisamos saber sobre quantas
comissões e verdades serão necessárias, quantas praças ainda para as
mães de maio, qual o preço das lágrimas pelo menino Angel e pelo amigo
Marighella e o que tem a dizer da Violeta e de Jará?
Que esta homenagem sirva para incendiar outras consciências
2ª
ALA - A MINHA LUTA É DE SAL DE FRUTA, FERVENDO NUM COPO D’ÁGUA: “Nada
deve parecer impossível de ser mudado”. Citando Brecht, esta ala
homenageará diferentes processos de lutas sociais e populares, no Brasil
e no mundo, sustentando consigo as insígnias do inconformismo e da
resistência.
Estas lutas, que ocorreram em diversos períodos
históricos ou mesmo no momento atual, são empreendidas por diferentes
classes, categorias sociais ou mesmo povos, que lutam pela conquista de
seus direitos, bens ou ainda contra injustiças, discriminações ou
atentados contra a dignidade humana e sempre sinalizam perspectivas de
transformação social.
Nossa reverência: à Luta Antimanicomial,
movimento que há 25 anos constrói um Brasil que caminha rumo ao fim dos
hospitais psiquiátricos e pela inclusão social e protagonismo das
pessoas com sofrimento mental; à coragem de Zumbi dos Palmares na luta
pela liberdade; à determinação da Palestina Livre que não se perde nem
se
curva ante a opressão e a violência; e, bem pertinho, no tempo
e no espaço, a luta dos povos indígenas, em especial dos Guarani
Kaiowá, símbolo da consciência coletiva.
3ª ALA - CRIANÇA MAL
CUIDADA, PÁTRIA MAL AMADA: a ala das crianças abordará a crítica à
medicalização da infância, dos sonhos e modos de existir, que embota e
normatiza traços singulares dessa fase da vida, assim como as
contradições de uma cidade que pouco oferece à grande parte de seus
infanto-juvenis cidadãos. Garantir direitos sociais, a palavra, a
escuta, o trabalho em rede, o direito à meninice e às peraltagens, podem
transformar dores em cores, vida em deliciosa brincadeira e
desesperança em uma teimosa resistência.
4ª ALA - NÃO ME
IMPORTA SE A RIMA É MANCA, O QUE EU QUERO É POETAR. SE MEU DELÍRIO A
MONOTONIA ESTANCA, EU QUERO MAIS É DELIRAR: os delírios e alucinações,
apresentados nesta tradicional ala do nosso desfile, resistem enquanto
direito, insistindo em existir apesar de toda a parafernália
biologicista e das neurociências criada para contê-las. Estas mais
criativas manifestações da subjetividade humana são o exemplo que mesmo
em meio a turbulências, sofrimento, desamores e violência, o homem
continua a sonhar.
Atendendo ao apelo de Eduardo Galeano,
escritor uruguaio, a Escola de Samba Liberdade Ainda que Tam Tam propõe
ao mundo que “deliremos” juntos. Que tal pensar um dia em que a guerra
se renda à paz? Em que o mundo não estará em guerra contra os pobres,
mas contra a pobreza e a indústria militar não terá escolha a não ser
decretar falência? Em que a TV deixe de ser o membro mais importante da
família? Em que os políticos não acreditem que os países adoram ser
invadidos e que os pobres adoram comer promessas? Que tal pensar um dia
em que as crianças de rua, não serão tratadas como lixo, pois não
existirão crianças de rua? Em que a educação não será privilégio
daqueles que possam pagá-la e a polícia não será a maldição de quem não
possa comprá-la? Enfim, que tal pensar um dia em que a justiça e a
liberdade, irmãs siamesas condenadas a viver separadas, novamente
juntas, de volta bem grudadinhas, costas com costas?
5ª
ALA - DA OUSADIA DO SONHO: BORDAS DE PRATA: é a comemoração dos vinte e
cinco anos da experiência substitutiva aos hospitais psiquiátricos em
Minas. Da pioneira Itaúna, passando por João Monlevade até Brumadinho,
chegamos a BH para alcançar tantas outras cidades e equipes que
transformaram sua prática e se revigoraram pela ousadia renitente
produzindo assim sentido à existência de tantos usuários e a si mesmas.
Bordados de prata, banhados em outro, do verde à esperança, resultaram
em outras formas de abordar e bordar a construção de laços com aqueles
ditos que não faziam laços.
Nesse cotidiano dos
alinhavos-articulações até chegar à borda que dá o contorno, um sentido
se produz: a vida pode ser bela, a loucura pode ser livre!
6ª
ALA - POLIS-PHONIA: EU, VOCÊ E VOZES MESMO: homenagearemos nesta ala os
movimentos sociais urbanos de Belo Horizonte que representam a
resistência à tentativa de sufocar o encontro espontâneo das pessoas nas
ruas e o livre uso dos espaços públicos, assim como a luta pelo direito
à moradia e arte. São eles: o movimento Praia da Estação, que surgiu
em 2010 como uma forma de protesto encontrada por um grupo de jovens
contra a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de barrar eventos na
Praça da Estação; o Sarau Vira Lata, com sua proposta de ocupação dos
espaços públicos de BH com poesia; o Duelo de MCs, que acontece há 5
anos embaixo do Viaduto de Santa Tereza, levando a cultura hip hop,
incluindo música, dança e arte urbana; as ocupações Dandara e Eliana
Silva que bravamente vêm provando que ocupar é a forma mais justa de se
mostrar ao poder público e privado que terra não pode ser mercadoria ou
barganha. Apresentam-se também nesta ala vozes que denunciam o furo na
cidade enquanto sociedade, o fracasso das quase invisíveis políticas
públicas. O encontro das chamadas cracolândias com os Consultórios de
Rua públicos tem possibilitado nestes lugares a reconstrução de vidas
cujos pedaços foram deixados pelo caminho, num encontro com pessoas que
precisam de poesia para não virarem pedra.
Realização:
Fórum Mineiro de Saúde Mental
Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM)
Apoio:
Conselho Regional de Psicologia CRP-04
Conselho Federal de Psicologia
Secretaria Municipal de Saúde/BH
Sindicato dos Farmacêuticos/MG
Sindicato dos Psicólogos/MG
Parque Fazenda Lagoa do Nado
Vereador Gilson Reis
Vereador Arnaldo Godoy
Sanduíches Breik-Breik
Batuta Escola de Música-Estúdio
Centro Universitário Newton Paiva
Mandato do Deputado Estadual Rogério Correa
Agradecimentos Especiais: a todos os serviços substitutivos de Minas Gerais
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