sexta-feira, 2 de maio de 2014

CONCURSO DO SAMBA ENREDO DE 2014




Revolussamba - acaba com o preconceito e com a discriminação


A escola de samba “Liberdade Ainda que Tan Tan” já definiu qual o samba irá cantar na avenida no Dia Nacional da Luta Antimanicomial – Dezoito de Maio. No sábado, dia 26 de abril, o Fórum Mineiro de Saúde Mental e a ASUSSAM (Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais) promoveram o 10º Concurso do Samba Enredo, em Belo Horizonte, atividade preparatória para o dia da manifestação antimanicomial. Além do samba enredo, também foram eleitos o casal de mestre sala e porta bandeira, a rainha e a princesa da bateria.

Produzido coletivamente nas oficinas de música do centro de Convivência Venda Nova, o samba campeão foi o “Revolussamba”, que assim como os demais inscritos no concurso, se inspirou no tema do Dezoito de Maio desse ano: “A cidade que queremos: que seja feita a nossa vontade”.

Isaac Luis, monitor de música do Centro de Convivência Venda Nova, explica que o processo de produção do samba passou pela discussão dos usuários sobre a cidade desejada. “Nosso samba fala isso, porque a cidade que queremos é sem preconceitos, sem discriminação, queremos uma cidade com mais direitos”, afirma. Isaac diz que já pode imaginar a satisfação que será desfilar com a avenida inteira ouvindo uma música produzida por eles. “A expectativa é de que ninguém fique maluco na hora, vamos dar conta do recado!”, brinca.

Durante o concurso, a comissão de jurados escolheu Maria Teodora e Warlen Martins, do Centro de Convivência Carlos Prates, como o casal de mestre-sala e porta-bandeira; Cristina dos Reis, da rede de saúde mental de Diamantina, como a rainha da bateria; e Luiza Caroline, da rede de saúde mental de Itaúna, como a princesa da bateria. A comissão foi composta pelo artista Ed Marte, pela integrante da organização de mulheres Negras Ativas Vanessa Beco, pela psicóloga e representante do movimento antimanicomial Tulíola Lima, pelo ator Evandro Nunes e pela dançarina do grupo Samba da Meia Noite Valéria Silva.

Vanessa Beco destacou a importância do apoio ao movimento antimanicomial e à manifestação do Dezoito de Maio, chamando atenção para a dificuldade da sociedade em lidar com o conflito e com aquilo que foge dos padrões estabelecidos. “É uma luta extremamente importante e delicada, que enfrenta dificuldades no todo da sociedade”, explica.

Nesse ano, a manifestação antimanicomial será realizada no dia 19 de maio, em Belo Horizonte. Espera-se a participação de aproximadamente 4 mil pessoas, entre trabalhadores, usuários e familiares dos serviços substitutivos em saúde mental, representantes de movimentos sociais, culturais e outras organizações da sociedade civil, vindos de mais de 20 municípios do estado.

O usuário do Centro de Convivência Pampulha e integrante da ASUSSAM, Paulo Reis, acredita que tratar da questão da cidadania e do cidadão na cidade fará um eco, trazendo o tema para a pauta do poder público e da sociedade. Para Paulo, a cada ano, o Dezoito de Maio é uma vitória: “fazemos esse percurso de desfilarmos pela cidade, colocando a nossa vontade e o nosso desejo na rua, interagindo com a cidade e com os habitantes, fazendo, assim, um grande movimento pela cidadania e pela paz”.

Confira abaixo o samba que animará o desfile do Dia Nacional da Luta Antimanicomial:

Revolussamba
Samba coletivo do Centro de Convivência Venda Nova

Se essa rua fosse minha eu mandava concertar
Concertava essa cidade pra o meu mundo caminhar.
A cidade, minha gente, tem muita poluição,
Não precisamos só de carro, mas de metrô na estação.

REFRÃO
Oh Bombrilhão! Oh Bombrilhão!
Acaba com o preconceito e com a discriminação. (2x)

Não ponha corda no meu bloco, copos de leite e de flor.
Na Avenida Afonso Pena, o 18 já chegou!
Nós vamos manifestar nossa indignação
Na cidade que queremos não cabe corrupção.

REFRÃO

Se violar fosse verbo de violão,
De tão bela essa cidade teria mais criação,
Como não é, o que devemos fazer,
É acreditar no povo que luta pra vencer.



Tempestade, tempestade, eu me encharco em você!
Mas com tanta indiferença, como vou sobreviver?
Sou amigo do Mandela e contra a segregação,
Sou filho da Praça Sete e da Praia da Estação.

REFRÃO

Como em Cuba e na França eu vou revolucionar!
Vou por meu samba na rua para o povo desfilar
Essa rua, ela é nossa e esse mura, ele é seu.
Eu só sei que essa história foi o povo que escreveu.

Oh Bombrilhão! Oh Bombrilhão!
Acaba com o preconceito e com a discriminação.

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