Revolussamba - acaba com o
preconceito e com a discriminação
A escola de samba
“Liberdade Ainda que Tan Tan” já definiu qual o samba irá cantar na avenida no
Dia Nacional da Luta Antimanicomial – Dezoito de Maio. No sábado, dia 26 de
abril, o Fórum Mineiro de Saúde Mental e a ASUSSAM (Associação dos Usuários dos
Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais) promoveram o 10º Concurso do Samba
Enredo, em Belo Horizonte, atividade preparatória para o dia da manifestação
antimanicomial. Além do samba enredo, também foram eleitos o casal de mestre
sala e porta bandeira, a rainha e a princesa da bateria.
Produzido
coletivamente nas oficinas de música do centro de Convivência Venda Nova, o
samba campeão foi o “Revolussamba”, que assim como os demais inscritos no
concurso, se inspirou no tema do Dezoito de Maio desse ano: “A cidade que
queremos: que seja feita a nossa vontade”.
Isaac Luis, monitor
de música do Centro de Convivência Venda Nova, explica que o processo de
produção do samba passou pela discussão dos usuários sobre a cidade desejada.
“Nosso samba fala isso, porque a cidade que queremos é sem preconceitos, sem
discriminação, queremos uma cidade com mais direitos”, afirma. Isaac diz que já
pode imaginar a satisfação que será desfilar com a avenida inteira ouvindo uma
música produzida por eles. “A expectativa é de que ninguém fique maluco na
hora, vamos dar conta do recado!”, brinca.
Durante o concurso,
a comissão de jurados escolheu Maria Teodora e Warlen Martins, do Centro de
Convivência Carlos Prates, como o casal de mestre-sala e porta-bandeira; Cristina
dos Reis, da rede de saúde mental de Diamantina, como a rainha da bateria; e
Luiza Caroline, da rede de saúde mental de Itaúna, como a princesa da bateria.
A comissão foi composta pelo artista Ed Marte, pela integrante da organização
de mulheres Negras Ativas Vanessa Beco, pela psicóloga e representante do
movimento antimanicomial Tulíola Lima, pelo ator Evandro Nunes e pela dançarina
do grupo Samba da Meia Noite Valéria Silva.
Vanessa Beco
destacou a importância do apoio ao movimento antimanicomial e à manifestação do
Dezoito de Maio, chamando atenção para a dificuldade da sociedade em lidar com
o conflito e com aquilo que foge dos padrões estabelecidos. “É uma luta
extremamente importante e delicada, que enfrenta dificuldades no todo da
sociedade”, explica.
Nesse ano, a
manifestação antimanicomial será realizada no dia 19 de maio, em Belo
Horizonte. Espera-se a participação de aproximadamente 4 mil pessoas, entre
trabalhadores, usuários e familiares dos serviços substitutivos em saúde
mental, representantes de movimentos sociais, culturais e outras organizações
da sociedade civil, vindos de mais de 20 municípios do estado.
O usuário do Centro
de Convivência Pampulha e integrante da ASUSSAM, Paulo Reis, acredita que tratar
da questão da cidadania e do cidadão na cidade fará um eco, trazendo o tema
para a pauta do poder público e da sociedade. Para Paulo, a cada ano, o Dezoito
de Maio é uma vitória: “fazemos esse percurso de desfilarmos pela cidade,
colocando a nossa vontade e o nosso desejo na rua, interagindo com a cidade e
com os habitantes, fazendo, assim, um grande movimento pela cidadania e pela
paz”.
Confira abaixo o
samba que animará o desfile do Dia Nacional da Luta Antimanicomial:
Revolussamba
Samba coletivo do Centro de Convivência Venda Nova
Se essa rua fosse minha eu mandava concertar
Concertava essa cidade pra o meu mundo caminhar.
A cidade, minha gente, tem muita poluição,
Não precisamos só de carro, mas de metrô na estação.
REFRÃO
Oh Bombrilhão! Oh Bombrilhão!
Acaba com o preconceito e com a discriminação. (2x)
Não ponha corda no meu bloco, copos de leite e de flor.
Na Avenida Afonso Pena, o 18 já chegou!
Nós vamos manifestar nossa indignação
Na cidade que queremos não cabe corrupção.
REFRÃO
Se violar fosse verbo de violão,
De tão bela essa cidade teria mais criação,
Como não é, o que devemos fazer,
É acreditar no povo que luta pra vencer.
Tempestade, tempestade, eu me encharco em você!
Mas com tanta indiferença, como vou sobreviver?
Sou amigo do Mandela e contra a segregação,
Sou filho da Praça Sete e da Praia da Estação.
REFRÃO
Como em Cuba e na França eu vou revolucionar!
Vou por meu samba na rua para o povo desfilar
Essa rua, ela é nossa e esse mura, ele é seu.
Eu só sei que essa história foi o povo que escreveu.
Oh Bombrilhão! Oh Bombrilhão!
Acaba com o preconceito e com a discriminação.
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